terça-feira, 30 de junho de 2015

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Momentos de Glória

No retrato rua temos o privilégio de encontramos os outros e as suas histórias de vida. Neste caso enquanto íamos disparando a câmara fotográfica, e os reflexos da rua passavam por detrás do rosto do Senhor Hermínio, este contou-nos sobre a sua presença na Guerra Colonial, como foi o exílio na antiga RDA, o seu encontro com Zeca Afonso e finalmente a sua participação no assalto ao Banco de Portugal na Figueira da Foz.  Tudo bem documentado com papelada que traz sempre consigo não vá alguém não acreditar.
Fotografia de rua é afinal um exercício de comunicação que aprofunda a Arte de Viver e onde o vulgar se transforma em extraordinário. 

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Retrato em Preto e Branco

Não resisti ao impulso de partilhar esta versão P&B do retrato de rua aqui publicado anteriormente (22 de Maio) a cores. De facto apesar dos contrastes cromáticos serem uma mais-valia, a versão P&B aumentando o dramatismo, e com um marcado contraste entre o fundo escuro e o rosto, acaba também por ter um impacto visual importante. 
Este retrato foi feito em Lisboa. Ia a passar de carro quando reparei nesta senhora (D. Joaquina) sentada no chão com uma estrutura metálica azul atrás. Estacionei o carro uns metros à frente e solicitei autorização para fotografar. Obtida a anuência fui conversando enquanto fotografava sem olhar pelo visor. Apercebi-me que o local era utilizado habitualmente pela D. Joaquina que parecia esperar alguém perscrutando por vezes o horizonte da rua. Uma pessoa bastante expressiva que deu oportunidade para fazer mais de uma dezena de retratos de entre os quais seleccionei este. 

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Dreaming everyday life

Realize that in street photography, you don’t always have to capture the extraordinary things in life. Often times the ordinary and the banal can be the most interesting.
Eric Kim talking about William Eggleston.

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Smile

- Assim como um caricaturista utiliza o lápis assim podemos fazer com a máquina fotográfica.
Bordalo dizia que o culpado dos seus desenhos não era ele mas antes o lápis. No nosso caso o culpado é a máquina fotográfica.
As pessoas não têm que se ofender com uma caricatura seja ela através do desenho ou da fotografia. Porque não se trata de um retrato "clássico" nem de algo para minimizar quem quer que seja.
- Sugiro a visita na Net aos retratos de rua daquele que é considerado por muitos como um dos melhores "Street Photographers" da actualidade : Bruce Gilden.
A genialidade implica ter a coragem de às vezes ir por caminhos diferentes das costumeiras "carneiradas"". O mundo "pulou e avançou muitas vezes à custa de quem pensou e agiu "out of box".
Afinal um trabalho que tem a ver com criação / revelação de figuras e ambientes quase oníricos oriundas de uma dimensão paralela no nosso imaginário interior.

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Fotografia de rua


Sem procurar “falar de cátedra” mas antes com espírito de partilha aqui vão algumas dicas sobre Fotografia de Rua. São uma pequena compilação daquilo que a minha experiência me foi trazendo e dos conselhos de grandes fotógrafos que fui lendo.

- Ande sempre com uma câmara, caminhe muito e aproveite o acaso. Os milagres diários estão à sua espera.
- Não tenha planos pré-concebidos rígidos (tempo e trajecto) quando sair para fotografar. Pode sair com um plano A mas aceite facilmente mudar para um plano B que pode incluir errar pelas ruas ao acaso. A paciência e o saber esperar são imprescindíveis.
- Não se preocupe com a definição de "fotografia de rua" e fotografe regularmente.
- Veja oportunidades para fotos em tudo o que o rodeia. No entanto seja muito selectivo e fotografe apenas aquilo que lhe parece fazer a diferença. Evite as fotos que são claramente um não assunto. O mundo já está cheio de “lixo” fotográfico (ex. fotografar as refeições – que são sobretudo para saborear em paz e alegria). Uma boa regra em fotografia de rua é seleccionar apenas um a cinco por cento das foto realizadas.
- Viva apaixonado pela fotografia – sem restrições e mantenha-se focado em cada imagem que está a fazer.
- Depois de olhar volte a olhar novamente. Visite os mesmos locais descobrindo novas oportunidades (luz, motivos, etc.).
- Saiba que muitas grandes fotografias ainda não foram fotografadas (o mundo está cheio de oportunidades). A beleza está em toda parte.
- Faça as imagens para agradar a si próprio e não procure comparar o seu trabalho com o dos outros. Não se deixe impressionar por falsos elogios e bajulações nem por subavaliações intencionais que satisfazem apenas estratégias pessoais dos seus autores. Distinga os verdadeiros amigos dos “vendilhões do templo”. Ou seja, procure praticar a autocrítica e procure Verdade. A sua! As suas fotos falarão por si.
- Consciencialize-se que construir um estilo próprio leva muito tempo. Sem negar todas as influências que teve seja genuíno e não procure a imitação bacoca.
- Tente criar uma grande obra (fazer cada imagem como se fosse para um portefólio importante – o seu) e fotografe cada foto como se fosse a última.
- Encontre inspiração em campos diferentes da Arte fotográfica. Procure não “cristalizar” numa só modalidade. Tente funcionar “out of the box” e não vá em carneiradas fotográficas.
- Não seja um escravo da técnica fotográfica - que não se deve sobrepor ao estilo, à emoção e á sensibilidade estética. O meio de fotografar não é tão importante quanto a própria imagem. Concentre-se na “alma” da imagem e não tanto nos detalhes técnicos. Quando apreciar uma foto não pergunte “como” mas antes “porquê?”. Há diferenças entre um piano e uma sonata.
- Em retratos de rua não aponte a câmara directamente às pessoas olhando pelo visor – excepto se foi combinada “pose”. Assusta-as e incomoda-as – e muitas vezes desencadeia hostilidades imprevisíveis. Converse antes descontraidamente com as pessoas olhando-as nos olhos enquanto dispara a máquina que mantém ao nível do peito ou da cintura.  E o mais próximo possível da pessoa fotografada. Não peça para as pessoas sorrirem. Evite sorrisos postiços, estereotipados e idiotas nas suas fotos. Fotografe antes expressões genuínas. Seja honesto para consigo próprio e para com o fotografado. Procure sempre enquadrar três planos conferindo profundidade às imagens mas evitando as sobreposições de motivos.
- Não proceda rigidamente e deixe-se levar pela corrente dos acontecimentos.
- Se fotografar P&B pense e veja em P&B e se fotografar a cores considere a luz / hora do dia e os contrastes cromáticos. Pense o que a cor ou o P&B podem fazer pelas mensagens das imagens.
- Solicite sempre autorização para publicar fotos de alguém – antes ou após fazer as fotografias – e mostre as imagens obtidas. Muitas vezes ganha nova oportunidade de fotografar já com um ambiente mais descontraído. O respeito recíproco faz milagres.
- Diga às pessoas que pretende fazer um grande retrato em vez de “tirar uma foto”.
- Leia muitos livros bons sobre Fotografia de Rua (Magnum Contact Sheets; Dan Winters; Alex Webb; Robert Frank; Martin Parr; Trent Park; Joseph Koudelka, etc) e veja muitas fotos dos grandes autores.
- Desafie as regras e procure sempre evoluir transformando progressivamente o olhar fotográfico. A criatividade, uma boa narrativa uma atmosfera especial e o “mistério” numa foto não convencional podem ter uma força muito grande. Maior do que os enquadramentos “do costume”. 

sábado, 13 de junho de 2015

Dia de Santo António

Na noite de Santo António
Há sempre grande folia
E os pares de namorados
Vão abraçar-se até ser dia

quarta-feira, 10 de junho de 2015

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Diálogos

Rua Augusta. Lisboa.

Intervenção que fiz aquando do lançamento da Antologia Luso-Brasileira de Fotografia 2015 no passado dia 16 - que integra três fotografias minhas:

Se esta minha intervenção ocorresse há alguns anos atrás provavelmente começaria por dizer: sou médico e faço fotografia… o que ajuda a desenvolver o olho clínico.
Mas hoje, após a reforma, fará mais sentido dizer, ao contrário, que sou fotógrafo e que é o clínico que contribui para o olhar fotográfico.
De facto, no decorrer dos últimos seis anos, foram acontecendo mudanças no fotógrafo e no médico em mim. Progressivamente foram trocando de lugar. Hoje, por exemplo, é o médico que ajuda o fotógrafo na abordagem psicológica das situações e das pessoas a retratar.
Após uma primeira fase mais contemplativa, dedicada sobretudo a fotografia de paisagens urbanas ou naturais (representada nas 3 imagens publicadas nesta Antologia), passei a interessar-me cada vez mais em fotografar as pessoas em vez de ficar submetido à hegemonia das coisas. Passei a arriscar mergulhar mais frequentemente nos labirintos urbanos fascinado com o imprevisível. Fiquei viciado no risco e na aventura de descodificar sinais aparentemente ocultos e na necessidade de celeridade nas decisões.
Acabei por criar uma rotina diária, percorrendo as ruas e tentando ler, fotograficamente, nas entrelinhas do tecido social enquanto procuro “agarrar” instantes irrepetíveis e significativos.
Procuro na subtileza dos enquadramentos um melhor recenseamento dos hábitos e costumes dos meus conterrâneos.
Actualmente é o meu dia-a-dia de fotógrafo não profissional que me resgata da modorra depressiva destes tempos de reformado. Uma saudável e salvífica obsessão.
Hoje entendo que, tal como escrever, fotografar pode ser uma maneira de pensar.
Hoje percebi que afinal nada se repete e por isso fotografar é olhar e depois voltar a olhar – e descobrir sempre.
Descobrir no exterior os momentos mágicos que podem finalmente, através da fotografia, adquirir visibilidade perante todos e, ao mesmo tempo, descobrir-me dentro de mim.